Publicado por 6:10 pm Agitos, Cultura

CAIXA Cultural RJ recebe a exposição individual “Solfejo”, de Felippe Moraes

Mostra é pautada por uma investigação sobre o som e o samba, atravessada pela cosmologia e a música das esferas

Obras que emitem som através da interação do visitante, peças com luz de néon e backlight, fotografias de ondas sonoras e concertos com representações das músicas dos planetas são algumas das experiências propostas pela exposição “Solfejo”, do artista carioca Felippe Moraes, com texto curatorial assinado por Victor Gorgulho, que vai ocupar a Caixa Cultural RJ: tanto a Unidade Passeio como o Teatro Nelson Rodrigues. A mostra fica em cartaz de 14 de janeiro a 30 de março, com entrada gratuita.

Nesta que é a maior mostra de sua carreira, Moraes apresenta cerca de 50 trabalhos criados ao longo dos últimos 15 anos. A mostra estreou em 2019, em São Paulo, quando alcançou um público de cerca de 25 mil pessoas. Cinco anos depois, ela chega ao Rio revista, ampliada e transformada para falar da cidade natal do artista, que nasceu na Zona Norte.

“Sou um artista carioca e suburbano, profundamente interessado pelo samba e pelo Carnaval. A música é constitutiva tanto da minha identidade, quanto da do Rio de Janeiro, que se reinventa todos os fevereiros pelas canções que canta e brinca. Pensando nisso, o convite para realizar uma exposição nos arredores da Lapa e da Cinelândia durante o verão me compeliu a atualizar a mostra para falar sobre essa cidade que se assenta sobre tambores. Refletirsobre as músicas que ela compõe e como ela é capaz de constituir territórios. Foram criados novos trabalhos especialmente para esse momento e colocados em diálogo com outros de mais de uma década atrás. Eles formam um recorte importante da minha obra, partindo de músicas que encontramos nas encruzilhadas, terreiros e rodas de samba, e que por fim nos falam sobre o cosmos e nosso lugar no universo.”

A exposição conta com “Composição Aleatória #2”, um conjunto de três gangorras, com quatro sinos acoplados a cada uma delas. Nessa obra, Felippe convida o público a se balançar nas estruturas, acionando assim os 12 sinos e produzindo uma composição sonora aleatória e que nunca se repete. Para a temporada carioca, Felippe se inspirou ainda mais no universo do samba. Transformou o piano do foyer da Caixa numa obra de arte, com um néon interno que diz “Madeira Quando Morre Canta”, trecho de “Minha Missão” composta por João Nogueira. Também resgatou três pedras do chão dos locais onde as escolas de samba desfilaram ao longo do século XX – Av. Presidente Vargas, Av. Rio Branco e Av. Marquês de Sapucaí – e as repousou um suportes de mármore gravados com a letra de Chico Buarque: Aqui passaram sambas imortais, Aqui sangraram pelos nossos pés, Aqui sambaram nossos ancestrais. E por último, integrou à exposição um néon vermelho suspenso com a frase “Como Será o Amanhã”, samba-enredo da União da Ilha de 1978. “O néon é contemporâneo do samba e são constitutivos da ideia da cidade moderna brasileira”, contextualiza o artista.

Do interesse de Felippe pelos movimentos cósmicos, Solfejo apresenta “Harmonices Mundi”, vídeo produzido em 2017, no Irã, que exibe seis instrumentistas tocando uma composição Johannes Kepler, de 1619, para os planetas, revelando seus movimentos, tempos e narrativas.

Partindo desse princípio, o artista desenvolveu, em 2023, “Solaris Discotecum”, uma pista de dança que simula a dança dos corpos celestes. “Um globo de espelho pende do teto, fazendo as vezes do sol, e uma pequena esfera de chumbo circula ao seu redor, fazendo as vezes da Terra, na escala exata”, descreve Felippe. Ao redor, estão suspensos 12 desenhados com a forma das constelações do zodíaco. “É um convite a dançar em meio às estrelas”, completa.

Em uma das Galerias está “Samba Exaltação”, um panorama da produção de Moraes sobre o samba e o carnaval. A série, que começou como intervenções públicas em São Paulo no ano de 2021, apresenta fotografias em backlight e letreiros comdizeres tradicionais do cancioneiro brasileiro como “Não deixe o samba morrer” e “Canta forte, canta alto”. A obra “apela à memória afetiva das músicas para que o público possa ouvir as canções mentalmente”, sugere o artista.

Serviço:

[Artes Visuais] Solfejo

Local: CAIXA Cultural RJ – Unidade Passeio e Teatro Nelson Rodrigues

Endereços: Rua do Passeio, 38 e Av. República do Paraguai, 230 – Centro

Telefone (Unidade Passeio): (21) 3980-3815

Período: de 14 de janeiro a 30 de março de 2025

Visitações: terça a sábado, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 11h às 18h.

Mais informações:

Site: Link

Instagram: Link

Entrada franca

Classificação: livre para todos os públicos

Acesso para pessoas com deficiência

Patrocínio: CAIXA e Governo Federal

Crédito foto: Estúdio Em Obras.

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