Publicado por 1:18 pm Cultura

Galeria Nara Roesler | São Paulo apresenta Cristina Canale – Memento Vivere

Dia 19 de agosto, 11h-15h | Em cartaz até 07 de outubro de 2023

Nara Roesler São Paulo apresenta Memento Vivere, terceira individual de Cristina Canale na sede paulista da galeria, que reúne uma seleção de suas obras mais recentes, produzidas entre os anos de 2021 e 2023. Com texto de Marcelo Campos, a exposição apresentará dez pinturas e cinco desenhos, todos inéditos, e abre ao público no dia 19 de agosto, integrando a programação da 4a edição do Circuito Jardim Europa.

Canale despontou no cenário artístico brasileiro durante a década de 1980, período em que ocorria uma retomada da pintura no Brasil e no contexto internacional, com grande influência do neoexpressionismo alemão, e integrou a emblemática exposição coletiva Como vai você, Geração 80?, sediada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage), no Rio de Janeiro, em 1984, que reuniu muitos nomes daquela geração de artistas.

Desde então, Canale tem produzido uma consistente obra pictórica, que se aprofunda  em gêneros de pintura já consagrados, como o retrato e a paisagem, valendo-se também de elementos e cenas cotidianas, muitas vezes derivadas de fotografias publicitárias, em composições marcadas por um colorido intenso, uma profusão de formas ambíguas e cenas de caráter onírico.

A espinha dorsal da presente exposição consiste em um conjunto de pinturas de retratos que tem como objeto figuras femininas. Para a realização das mesmas, a artista revisitou não somente a história desse gênero pictórico, mas também elementos mitológicos. Conforme Canale relembra, a função primacial do retrato é a de eternizar rostos e presenças, os chamados mementos. Assim, em alguns dos trabalhos, a artista parte de figuras mitológicas, como o da Deusa Tétis e o da Princesa Danae, que tratam justamente da figura feminina como fonte de fertilidade e de vida. Em outros casos, utiliza um procedimento comum ao longo da história da retratística, empregado desde o Renascimento, que é da figura espelhada ou duplicada, como é o caso de Sincronias (2022) e Mãe e filha II (2023).

Como é comum em sua trajetória, a artista remove de suas personagens as feições, resumindo seus rostos a traços essenciais, e emprega nas composições elementos amplamente presentes em sua poética, como balões de diálogo, nuvens, gotas e elementos atmosféricos, o que acaba por tensionar o limite entre gêneros pictóricos ao misturar paisagem e retrato, bem como a diferenciação entre figuração e abstração. Tais procedimentos terminam por criar, nas palavras de Canale, um “anti-retrato”, no qual a mesma acaba por “dissolver a situação retratal”.

O emprego de elementos bidimensionais por meio de colagens, já presente na poética da artista, aparece nos trabalhos desta mostra não somente nas pinturas, mas também em um conjunto de desenhos realizados sobre papel. Nesses trabalhos, Canale emprega alguns papéis coloridos e ricamente estampados, tradicionalmente empregados na embalagem de presentes, cujo colorido e as estampas dialogam com sua obra.

Assim, mesmo naqueles trabalhos que não são retratos, o elemento feminino, ligado à  ideia de pulsão e de vida, aparece direta ou indiretamente. Se o retrato, ao longo de sua história, serviu como uma espécie de memento mori, os anti-retratos de Canale acabam sendo seu oposto: memento vivere.

Sobre Cristina Canale

Cristina Canale despontou no circuito de arte ao participar da emblemática coletiva Como vai você, Geração 80?, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage), no Rio de Janeiro, em 1984. Como no caso de muitos de seus colegas da chamada “Geração 80”, sua produção inicial está em consonância com o processo de retomada da pintura no contexto internacional, influenciado pela tendência do neoexpressionismo alemão. Carregadas de elementos visuais e volume de tinta, suas primeiras pinturas apresentam um caráter matérico, distinguindo-se pelo uso intuitivo de cores contrastantes e vivas que é notável em suas obras até hoje. No começo da década de 1990, Canale mudou-se para Düsseldorf, na Alemanha, onde estudou sob orientação do artista conceitual holandês Jan Dibbets. Suas composições passaram a investigar a espacialidade, a partir da sugestão de planos e profundidades e da maior fluidez no uso das cores, características que marcaram sua produção nesse período. Geralmente baseadas em cenas prosaicas do cotidiano, muitas vezes extraídas da fotografia publicitária, suas obras resultam de um elaborado trabalho de composição e se destacam por transitar entre a figuração que se esvai na abstração, por um lado, e a abstração que evoca uma figuração, por outro. Com individuais programadas no Instituto Ling (Porto Alegre) e na Fundação Roberto Marinho (Rio de Janeiro) em 2024, Canale está presente em coleções importantes como MASP, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói),  Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Sparkasse Oder-Spree, Frankfurt an der Oder (Alemanha) e Museum No Hero, Delden (Países Baixos)

Sobre Nara Roesler

 Nara Roesler é uma das principais galerias de arte contemporânea do Brasil, representa artistas brasileiros e latino-americanos influentes da década de 1950, além de importantes artistas estabelecidos e em início de carreira que dialogam com as tendências inauguradas por essas figuras históricas. Fundada em 1989 por Nara Roesler, a galeria fomenta a inovação curatorial consistentemente, sempre mantendo os mais altos padrões de qualidade em suas produções artísticas. Para tanto, desenvolveu um programa de exposições seleto e rigoroso, em estreita colaboração com seus artistas; implantou e manteve o programa Roesler Hotel, uma plataforma de projetos curatoriais; e apoiou seus artistas continuamente, para além do espaço da galeria, trabalhando em parceria com instituições e curadores em exposições externas. A galeria duplicou seu espaço expositivo em São Paulo em 2012 e inaugurou novos espaços no Rio de Janeiro, em 2014, e em Nova York, em 2015, dando continuidade à sua missão de proporcionar a melhor plataforma possível para que seus artistas possam expor seus trabalhos.

Serviço:

Cristina Canale – Memento Vivere

De 19 de agosto a 07 de outubro de 2023

Crédito foto: Flávio Freire.

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