Com apoio da Círculo, as marcas Catarina Mina, Santa Resistência e LED mostram a força do feito à mão na moda contemporânea
Na edição comemorativa de 30 anos do São Paulo Fashion Week, a moda artesanal brasileira ocupa lugar de protagonismo com o apoio da Círculo, referência nacional em fios e materiais têxteis. Os produtos da marca estarão presentes nas coleções de três estilistas que levam o feito à mão para o centro da passarela: Catarina Mina, Santa Resistência e LED. Com propostas distintas, os criadores compartilham o compromisso com a valorização de técnicas ancestrais, da sustentabilidade e da inovação estética. Catarina Mina desfila no dia 12 de outubro, às 18h30min; Santa Resistência em 18 de outubro, às 19h; e LED no dia 19 de outubro, às 20h30min. Todos os desfiles ocorrem no Pavilhão de Cultura Brasileira (Pacubra, no Parque Ibirapuera).
Catarina Mina
A coleção Carnaúba, da Catarina Mina, inaugura uma nova jornada para a marca cearense, que se consolida como uma das principais vozes da moda sustentável no Brasil. Ela apresenta uma narrativa que homenageia a árvore símbolo do Ceará, traduzida em tecidos nobres como seda, linho, cambraia de rami e algodão. A coleção incorpora técnicas como crochê, bilro, bordado e richelieu, além do trançado da palha de carnaúba, elemento que impulsionou a presença internacional da marca. O kaftan de linho com richelieu, feito em Maranguape, é a peça central da coleção e marca o início da parceria com artesãs da região.
“Cerca de 80% das peças da coleção são confeccionadas com fios da Círculo, que aparecem em três técnicas principais: crochê, renda de bilro e bordado artesanal”, explica Celina Hissa, diretora criativa da Catarina Mina. Para ela, o crochê mora nesse tempo chamado devagar, onde tudo é feito ponto a ponto, bordando o mundo com paciência. Não tem pressa, tem presença. Os instrumentos para sua feitura são poucos: linha e agulha. Mas é o conhecimento, a atenção, a lógica matemática e a criatividade envolvidas que fazem toda a diferença nessa tipologia. O ponto corrente é a base do trabalho — sempre contado ponto a ponto, em uma matemática precisa.
A renda de bilro chegou ao Ceará trazida por mulheres portuguesas, mas, no Brasil, desenvolveu características únicas, consolidando-se como uma tradição local. Entre as artesãs, ela é chamada por outro nome: renda de almofada. O nome faz todo sentido, já que é em torno da almofada que as rendeiras vão criando o corpo da trama.
Já o bordado artesanal da coleção nasce em parceria com o projeto Vai Maria, criado em 2018, no Instituto Primeira Infância (Iprede). O projeto atende mães e cuidadoras das crianças da instituição, oferecendo formações em corte, costura e bordado. Em seis anos, já beneficiou mais de 150 mulheres em situação de extrema vulnerabilidade social, expostas a múltiplos tipos de violência. Nele, elas encontram rede de apoio, afeto, e, mais do que isso, a possibilidade de descobrir um talento e transformar esse saber em ofício.
“Essas linguagens manuais estão presentes tanto na estrutura das peças quanto nos detalhes e acabamentos, reforçando o caráter feito à mão, que é a essência da nossa criação”, comenta a diretora criativa. De acordo com ela, o artesanal, nesta coleção, não é apenas um recurso estético, é o próprio coração do projeto. “Cada ponto, cada trama e cada fio conduzido à mão carrega a história e o tempo de quem faz, transformando matéria em afeto e tecido em narrativa”, destaca.
Celina afirma que a parceria com a Círculo é fundamental e simbólica. “Mais do que uma colaboração, ela celebra uma relação de longa data. Desde o início da marca, os fios da Círculo fazem parte do nosso processo criativo e usá-los é quase uma tradição dentro do ateliê. Essa escolha nos trouxe frutos preciosos: qualidade, consistência e um diálogo verdadeiro entre técnica e sensibilidade. Somos duas empresas brasileiras, com trajetórias distintas, mas valores muito parecidos. E não há nada mais potente do que construir juntos, com quem compartilha da mesma visão e acredita no mesmo propósito”, completa.
Santa Resistência
Santa Resistência leva à passarela a coleção Águas de Si: onde a mulher é mar, que conta a história da relação da figura feminina com as águas do mar. A coleção propõe uma leitura poética do mar, explorando tanto a fluidez das águas quanto a rigidez das escamas. “Queremos apresentar tanto a leveza como a imponência. Volumes sempre serão bem-vindos, assim como plissados, saias de tule, babados, estruturas. Penso em trabalhar o próprio tecido, em capitonês, macramê e também pintura no tecido, trazendo um tie dye moderno”, conceitua Mônica Sampaio, Fundadora e Diretora Criativa da marca.
A parceria entre Santa Resistência e Círculo reforça o protagonismo do artesanato brasileiro na alta moda. Os fios Anne, Encanto, Monalisa, Charme e Majestoso serão usados em tramas de crochê e macramê, que ganham aplicações de escamas de pescada amarelo e Piracema. Os bordados manuais, em técnicas diversas, elevam o luxo dos tecidos sustentáveis, como algodão, modal, liocel e viscose EcoVero. A paleta de cores da coleção transita entre pêssego, papaia, azul, verde, ouro e branco, evocando elementos naturais e sensações marítimas.
LED
A LED apresenta a coleção Barracão-Carnaval, que transforma a maior festa popular brasileira em manifesto de futuro, levando às passarelas do SPFW uma celebração feita de cultura popular e engenhosidade coletiva. A marca revisita o Carnaval como tecnologia coletiva, na qual improviso e engenhosidade se tornam potência criativa. O desfile propõe uma leitura contemporânea da festa, com peças em jeans, linho, algodão e cânhamo, além de tingimentos responsáveis e modelagens híbridas.
A colaboração com a Círculo se destaca com a utilização de fios da marca para confeccionar peça em crochê e tricô, técnicas que ganham estrutura experimental e protagonismo visual. Os acessórios, desenvolvidos por Carlos Penna e Sofia Penido, reinterpretam símbolos carnavalescos com alternativas éticas e materiais não convencionais.
Foram usados os fios Encanto, Ame, Cordonê, Anne e Verano para construir vestidos, camisas, gola polo, bolsas, blusas e saias. O manual vai estar de alguma maneira presente na coleção inteira em acessórios como charm de bolsas e também em peças, obviamente. “A parceria com a Círculo é uma felicidade que eu tenho há alguns anos, uma empresa que me permite criar e, principalmente, abraça as minhas narrativas. Acredito que justamente por conta de falarmos de um Brasil possível e horizontal que nossos desejos se encontram e, mais uma vez, estamos juntos”, comenta Célio Dias, diretor criativo da LED.
Dessa junção entre LED e Círculo surge também a democratização do trabalho manual com a disponibilização da receita com o passo a passo gratuito no site da Círculo de algumas peças que são desfiladas na coleção da LED no SPFW. Esta é a quarta edição que as duas marcas se unem para levar aos artesãos e artesãs a possibilidade de reproduzir um item da principal passarela de moda do Brasil, que poderá ser acessado logo após o desfile. “Além do site da Círculo, vamos disponibilizar a receita por todo o Brasil com os panfletos com receitas que ficam nos armarinhos”, explica Dias.
Construções coletivas
A presença da Círculo na SPFW reafirma o papel da indústria têxtil como agente de transformação cultural. Mais do que fornecedora de insumos, a marca atua como parceira criativa, viabilizando projetos que unem tradição e contemporaneidade. “A parceria entre Círculo e os estilistas da Catarina Mina, Santa Resistência e LED revela como o artesanal pode dialogar com a moda de vanguarda. Cada fio carrega a história, o tempo e a identidade. Na passarela da SPFW, essas narrativas ganham forma em peças que celebram o saber popular, a diversidade de corpos e os rituais que nos conectam. O crochê, o tricô, a renda, o bordado e o macramê deixam de ser técnicas isoladas e se tornam parte de um movimento que reivindica o direito de criar com as mãos, com tempo e com propósito”, ressalta o CEO da Círculo, Osni de Oliveira Junior.
Círculo
A empresa é a maior fabricante de fios para trabalhos manuais da América Latina e desenvolve produtos e acessórios para artesanato. Há 87 anos no mercado, tem mais de 1,5 mil colaboradores ativos na empresa, exporta para mais de 55 países e é a marca com maior atuação do segmento no país. Conta com mais de 700 produtos em seu mix e, através do Time de Artesãos, que soma 14 profissionais, oferece suporte na educação e profissionalização do artesanato, com workshops em todo o Brasil. Ela também incentiva quem pratica o trabalho manual como hobby, oferecendo e-books gratuitos, aplicativo próprio e publicações especializadas em tricô, crochê, amigurumi e bordado.
Crédito foto: Estúdio Trama.