Com curadoria da artista e pesquisadora Leila Pessoa, mostra “Entendidas, entendides e entendidos” entra em cartaz na Galeria Lama no dia 6 de agosto
Na quarta-feira, 6 de agosto, a Galeria Lama, no Centro de Florianópolis, recebe a exposição: “Entendidas, entendides e entendidos“, que celebra a arte de artistas LGBTQIAPN+ nascidos em Santa Catarina ou que aqui vivem e criam. “Entendido” era como pessoas LGBTQIAPN+ se referiam, na década de 80, a quem compartilhava a mesma identidade. A mostra faz um um mapeamento que visa construir uma memória das existências “cuir” nas artes visuais catarinenses.
“Queremos acolher a pluralidade das identidades ‘cuir’. A variação cuir surge, inclusive, como uma tradução propositalmente “mal feita” de queer, uma forma de se opor ao uso exacerbado de termos estrangeiros e se aproximar das realidades do sul global”, explica Leila Pessoa, curadora da exposição. Queer é um termo amplo em inglês, usado para descrever pessoas cujas identidades de gênero ou orientações sexuais não se encaixam nas normas cis-heteronormativas.
O processo curatorial de “Entendidas, entendides e entendidos” baseou-se em uma metodologia que a curadora descreve como uma “rede ou teia”:
“A seleção dos artistas ocorreu majoritariamente entre nomes de meu círculo, promovendo uma conexão orgânica e colaborativa”, explica Leila.
Os visitantes da exposição terão a oportunidade de apreciar uma diversidade de expressões artísticas e técnicas. Entre os suportes e linguagens presentes, destacam-se a pintura de cavalete, instalações, fotografia, obras em LED, desenho e a palavra explorada como imagem, de 20 artistas: Babel Babel, Ciber.org, Claudio Moreira, Dalva de França de Assis, Daniele Zacarão, Debora Pazetto, Eco Zazu, Emy Infante, Georgi Andres, Guilherme Bruschi, Joanna Leoni, Leila Pessoa, Léo Eslabão, Leonardo Sanchez, Mariana Smania, Mauricio Igor, Mugra Itakaru, Nestor Varela, Sarah Uriarte e Sofia Guarda.
Leila Pessoa, que emerge como uma voz importante no cenário das artes visuais, é doutoranda em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Sua pesquisa aprofunda-se em investigações sobre gênero e sexualidade, temas que permeiam sua trajetória desde a graduação. Seu trabalho acadêmico explora as nuances das práticas artísticas contemporâneas e dissidentes, com um olhar atento às produções culturais no contexto catarinense. A exposição, inclusive, emerge de uma pesquisa em andamento para seu doutorado, uma investigação que ainda se desdobrará na construção de um arquivo suspenso.
Entre os destaques de sua carreira, inclui-se a curadoria de uma exposição na mesma Galeria Lama no ano passado, dedicada exclusivamente à temática sapatão, que foi o cerne de sua dissertação de mestrado. Outro ponto relevante foi a realização da primeira exposição LGBTQIAPN+ em Criciúma/SC, intitulada Fluxos, realizada na Edi Balod, também em 2024, um marco que celebrou a expansão do movimento cultural para além dos grandes centros do estado.
“O objetivo é criar e firmar nossa presença onde tantas vezes tentaram nos apagar, porque arquivar é pleitear a história que não nos foi dada, é o nosso direito de contá-la e reescrevê-la. Aqui, cada obra diz: estamos aqui. E mais, sempre estivemos”, finaliza a curadora.
“Entendidas, entendides e entendidos“
Galeria Lama – Rua João Pinto, 198, Rua Antônio (Nico) Luz, 159 – Centro, Florianópolis
Abertura no dia 6 de agosto, às 20h, e visitação até 6 de setembro
Mais informações: @galeria.lama
Crédito foto: Divulgação.