O projeto é voltado a crianças cegas ou com baixa visão, surdas ou com deficiência auditiva ou com deficiência intelectual ou cognitiva e, também, para a população de baixa renda.
No dia 29 de outubro, às 14h, o Festival de Cinema Acessível Kids – a serviço da inclusão educacional estará no auditório do MPSC, na rua Bocaiuva, 1750, no Centro de Florianópolis, para exibir o filme “Divertida Mente”. Oprojeto é realizado pela OSC Mais Criança, que integra o Criança Esperança. A entrada é franca, mas é preciso reservar lugar pelo e-mail maiscriancas@maiscriancas.org.br.

O projeto é voltado a crianças cegas ou com baixa visão, surdas ou com deficiência auditiva ou com deficiência intelectual ou cognitiva e, também, para a população de baixa renda e situada em regiões de pouco acesso a equipamentos culturais. No projeto, os filmes exibidos sempre contam com os recursos de audiodescrição, legendas descritivas e Língua Brasileira de Sinais. Na maioria dos eventos, também são realizadas uma ou mais oficinas de capacitação em inclusão social para grupos de até 25 educadores das escolas públicas e privadas, e de entidades que atendem crianças e jovens com deficiência. Desta vez, a oficina “Agentes de Transformação Social” acontece no dia 30 de outubro, das 9h às 13h.
Várias entidades já confirmaram presença no evento, que receberá cerca de 200 crianças, como a AMA (Associação dos Amigos dos Autistas), Associação Onda Azul (que trabalha com surfe voltado a crianças com autismo e outras deficiências), Associação Fazer Mais (que dá suporte a famílias de pessoas com deficiência), Associação Pais Em Movimento – Em Prol da Pessoa com Síndrome de Down, Associação Catarinense para a Integração dos Cegos, Associação dos Surdos da Grande Florianópolis e APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Muitas dessas crianças vão ao cinema pela primeira vez.
O Festival de Cinema Acessível Kids – a serviço da inclusão educacional tem a produção da Mais Criança e os seguintes apoiadores: Som da Luz, Mundo Melhor, Total Seguros, Gontof Comunicação, Expressão Natura, Bem Promotora, Camale, iQueest, Sopa Digital, Senado Federal, Assessoria da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de Florianópolis, Prefeitura de Florianópolis e Ministério Público de Santa Catarina.

O projeto nasceu há dez anos em Porto Alegre, como “Festival de Cinema Acessível”, idealizado pelo empreendedor e musicista Sidnei Schames (Sid), presidente da OSC Mais Criança (a proponente do projeto) e diretor da empresa Som da Luz. Logo na estreia, em 2015, seu filho, David, então com oito anos, não pôde entrar no cinema, por não ter a idade necessária. Acabrunhado, exclamou: “Meu pai criou um Festival Acessível para os outros; mas não é acessível para mim!”. Logo depois, transformou a indignação em projeto: “Pai, que tal a gente criar também um festival para as crianças? Já tenho até nome e slogan: ‘Festival de Cinema Acessível Kids: leve seu pai ao cinema”.
Esse é o projeto que estreou em 2017 e que recebeu a chancela da Unesco. Em 2022 foi expandido, com a participação na 36ª edição do Criança Esperança, onde ganhou uma maior relevância e saiu pela primeira vez da região Sul do país. Este ano participa da 39ª edição do Criança Esperança e está selecionado para 40ª edição, em 2026, quando participará pela quinta vez consecutiva.
É a segunda vez que o projeto de Cinema Acessível Kids visita Florianópolis. A primeira foi em 2023. “É a consolidação da parceria que firmamos com a há dois anos com a Prefeitura da cidade. E esse ano o evento será ainda mais abrangente, já que vão comparecer várias entidades representativas da cidade”, diz Sidnei Schames. Após Florianópolis, o projeto vai a Brasília, nos dias 4 (oficina) e 5 (cinema). “Será a quarta edição de uma parceria do Festival de Cinema Acessível Kids com o Senado Federal”, informa Schames.
Veja depoimentos de entidades que vão participar e do assessor de Políticas Públicas para a Pessoa com Deficiência da Prefeitura de Florianópolis
Daniela Steindorff, presidente da AMA Florianópolis
Sou mãe e esposa de autistas. Atuo na causa desde sempre, participando de grupos e ações com grande impacto na Grande Florianópolis. Estou na AMA Florianópolis desde 2013, quando meu filho recebeu o diagnóstico. Em 2017 passei de mãe atendida acolaboradora voluntária e assumi a Presidência da Associação em 2024. Meu filho, Ivan Carlos de Andrade Filho, tem 14 anos. Ele foi diagnosticado quando pequeno com Autismo Severo (hoje considerado nível 3 de suporte). Hoje, com todos os acompanhamentos terapêuticos e atividades em que conseguimos incluí-lo para que desenvolvesse habilidades, passou para nível 1, que também é o nível do meu marido.
Integro a Comissão da Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Autismo e o Conselho Municipal de Educação. Fui eleita a Manezinha do Ano de 2025 pelo meu engajamento na causa. Também fui diretora da APAEde São José.
A AMA Florianópolis – Associação de Pais e Amigos de Autistas é uma entidade sem fins lucrativos, com mais de 30 anos de atuação, realiza orientação, acolhimento e defesa de direitos, tendo como destaque o Projeto Asas do Autismo, convênio com a Prefeitura de Florianópolis que oferece 1.518 atendimentos a pessoas autistas e suas famílias, abrangendo todas as idades e níveis de suporte, além de terapias noturnas, rodas de conversa e acolhimento a pais e cuidadores. Os projetos abrangem todas as idades e níveis de suporte. Além dos atendimentos especializados, promove ações de conscientização, forma profissionais, apoia famílias e fortalece a rede de cuidado e respeito à pessoa autista.
A AMA transforma a realidade de pessoas com autismo e suas famílias de Florianópolis e região. Mais do que uma associação, é um movimento de amor, luta e inclusão. Gostamos de afirmar que “em Florianópolis, o autismo tem voz, tem vez e tem história”.
Sobre o Festival de Cinema Acessível Kids, quero dizer que um cinema inclusivo vai muito além de uma sessão adaptada. Ele representa respeito, pertencimento e acesso real à cultura para todas as pessoas. Faz a pessoa se sentir pertencente! Para muitas famílias, especialmente aquelas que convivem com o autismo ou outras deficiências, o simples ato de ir ao cinema pode se tornar um desafio. O som alto, as luzes intensas, o público sem compreensão e a falta de estrutura tornam o lazer um espaço de exclusão. Essas iniciativas permitem que pessoas autistas, com deficiência intelectual, física, visual ou auditiva, possam vivenciar o cinema de forma plena e que suas famílias possam estar juntas, sem medo de olhares ou julgamentos. Muitas dessas famílias já se privam de momentos de lazer por falta de inclusão ou de acesso.
Vera Farias, presidente da Associação Fazer Mais
Estou presidente da Associação Fazer Mais, que cuida de famílias com pessoas com deficiência. Nosso intuito é cuidar das famílias conforme conseguimos, pois sabemos que nossas crianças têm atendimentos em nossa cidade em vários lugares, como APAE, CCR e Udesc. Nós olhamos para as famílias. Afinal, quem cuida do cuidador? Quem olha para a família da pessoa com a deficiência? Procuramos ajudar a preencher estas lacunas.
Surgimos em 2019, devido a um projeto que estavaem tramitação na época, buscamos assinaturas para manter os valores do BPC/LOAS (Benefício de Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social). Nosencontramos – pais e mães – em função disto, conversamos e acabamos nos unindo para criar algo em prol das famílias. Surgiu daí a Associação Fazer Mais.
Inicialmente éramos apenas cinco famílias que se reuniam para ver o que podíamos fazer. Hoje, atendemos, de diferentes formas, a cerca de 110 famílias.
Essa é a primeira vez que participamos de um evento de cinema inclusivo. Muitas das famílias não têm no seu dia a dia oportunidade de participar de coisas simples como ir ao cinema ou ir algum tipo diversão sem que existam olhares curiosos ou repressores em cima de nossas crianças.
Minha filha, Gabriela, que acabou de fazer 16 anos e tem paralisia cerebral e deficiência visual, nunca foi ao cinema. Ter aqui em Florianópolis esse projeto de cinema acessível é maravilhoso, já que ela é muito auditiva.
Maria Aparecida Feier Goulart (Kika Feier), Fundadora da Associação Onda Azul
Sou uma das autoras do projeto Surfe e Terapia para Pessoas com Autismo e fundadora da Associação Onda Azul. Sou professora de educação especial e trabalho como assessora da diretoria de Educação Especial do município de Florianópolis. Sou mãe da Cibele, que é autista e já está com 32 anos de idade.
Rafael Coimbra, assessor de Políticas Públicas para a Pessoa com Deficiência da Prefeitura de Florianópolis
Sou pai do Luís Felipe, de nove anos, uma criança com deficiências múltiplas. Já fui membro da direção da APAE deFlorianópolis, um dos fundadores da Associação Fazer Mais, e estou neste cargo público desde 2021.
Sobre o Festival de Cinema Acessível Kids, eu sempre trabalhei muito a questão da Cultura na promoção da Inclusão, porque acredito que a Cultura é uma ferramenta tão importante quanto a Educação na promoção da inclusão, porque equaliza etrabalha muito com o sentimento, onde cada um consegue absorver da sua maneira o que está sendo apresentado.
A equipe é muito séria e comprometida e logo que conheci o projeto apaixonei-me por ele. Nessa segunda edição em Florianópolis, o fato de estarmos juntos com entidades representativas de nossa cidade, fortalece ainda mais tanto a questão social quanto as questões de diversidade. Teremos pessoas cegas, surdas, com autismo, Síndrome de Down e crianças sem deficiência atendidas pela rede municipal de Educação e pela rede municipal de Assistência Social. Todas e todos estarão dividindo o mesmo espaço, no mesmo momento,conforme a vontade de cada um de aproveitar essa oportunidade.
Crédito fotos: Divulgação.