Publicado por 7:35 pm Exposição

MASP apresenta mostra da mexicana Minerva Cuevas sobre ecologia social

A exposição multidisciplinar, com instalação, escultura, pintura, cartazes e vídeo, encerra ciclo de Histórias da ecologia e aponta a crise ambiental como questão social

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta Minerva Cuevas: ecologia social,exposição que reúne o trabalho da artista conceitual mexicana Minerva Cuevas (Cidade do México, 1975) e aborda as conexões entre questões ambientais e estruturas sociais. Com 42 obras, é a maior mostra individual da artista no Brasil.
 

Utilizando diversos suportes e mídias, como instalação, murais, pintura e vídeo, Cuevas investiga criticamente os mecanismos do capitalismo e seus impactos no meio ambiente. Para a obra Understorm (2022), Cuevas mergulha uma pintura garimpada em chapopote (piche), que escorre pelas bordas dessa e de outras telas antigas. A manipulação evoca derramamentos de petróleo decorrentes de plataformas e navios da indústria petroquímica. O material, conhecido como piche no Brasil, é um derivado do petróleo, mas também remete a costumes de comunidades pré-hispânicas que o empregavam em diversos contextos, desde a impermeabilização de cerâmicas até a prática ritual.
 

Com curadoria de André Mesquita, curador, MASP, e assistência de Daniela Rodrigues, supervisora de mediação e programas públicos, MASP, a mostra encerra o ciclo de 2025 dedicado às Histórias da ecologia. A exposição explora as dimensões sociais, econômicas e políticas da ecologia, questionando como as dinâmicas de poder moldam as relações entre humanos e não humanos.

“A exposição evidencia que a ecologia é, fundamentalmente, uma questão social, porque não superaremos a crise ecológica vivendo numa sociedade hierárquica. É preciso abrir uma discussão coletiva sobre nossos hábitos, costumes e valores. A arte é capaz de abrir e conduzir esse debate essencial para a ecologia”, afirma Mesquita.

O trabalho de Cuevas também apresenta o aspecto simbólico do cacau, contrastando seu uso ritual com a produção de chocolate em larga escala. Em Feast [Banquete] (2015), Cuevas utiliza o chocolate para nos levar a uma reflexão sobre as origens e mitologias mesoamericanas do cacau, bem como sobre os processos coloniais incorporados a seu comércio global. A artista investigou os usos do cacau como moeda na era pré-hispânica e seu cultivo no México contemporâneo, em uma região igualmente marcada pela produção de petróleo. Seu trabalho evidencia os conflitos históricos e interesses comerciais que cercam essas atividades, mostrando como pressões econômicas moldam o território e impactam a vida das populações locais. To Rebel [Rebelar-se] (2015) subverte a embalagem de um chocolate, produto transformado em um emblema do consumo global. O conjunto de obras revela como o elemento natural atravessa tempos e contextos, assumindo significados que variam do espiritual ao mercantil.

Suas obras também subvertem logotipos, campanhas publicitárias e símbolos de grandes empresas para questionar temas como consumo, valor e propriedade. Ao apropriar-se de códigos publicitários e da linguagem das marcas, Cuevas transforma símbolos do consumo em instrumentos de crítica. Obras como Égalité [Igualdade] (2001) expõem as contradições de um sistema que converte recursos essenciais, como a água, em produtos de luxo. Nesta obra, garrafas de água com embalagem modificada são distribuídas gratuitamente aos visitantes, subvertendo a lógica do mercado ao contestar a atribuição de valor monetário a um elemento natural vital para todas as formas de vida.

Na mesma data da abertura, são inauguradas também as exposições André Tanikɨ Yanomami: ser imagem e Sala de vídeo: Maya Watanabe.

Crédito foto: Divulgação.

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